A intervenção nacional no PL de Santa Maria mexeu totalmente na chamada “janela da traição” (ou partidária, como diz a lei). Chegou-se à sexta do fechamento, com uma certeza: o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro é o grande vencedor.
Sai de zero a três vereadores, com uma escala importante no PP, de onde saíram João Ricardo Vargas e, antes ainda, Roberta Leitão, que se transforma em presidente da agremiação mais à direita da política local. E conquista também, no último momento, Tubias Callil, do MDB.
Todavia, na contramão, se o PL é o grande vencedor dessa disputa do momento, o perdedor, sobre o que seria uma insanidade duvidar, é justamente o Progressistas. Que, além de Vargas e Roberta, de inhapa, também viu se mandar a vereadora Anita Costa Beber. Que até desistiu de desistir. Isto é, a filha de Arroio Grande, que iria se aposentar, decidiu voltará às urnas, agora sob a bandeira do Podemos.
Sempre deixando claro que tudo o que se faz aqui é um raciocínio pré-eleitoral (isto é, precisa ser referendado por quem conta, o sempre sábio eleitor), é indiscutível que, no momento, o PP perdeu o título de referência conservadora e destra da política local. Se resume, na Câmara, ao seu jovem líder partidário e que, talvez, tenha de mudar de ideia e, sim, voltar a concorrer – só que a cargo majoritário.
A verdade é que Pablo Pacheco e Roberta Leitão, oriundos de uma mesma vertente ideológica, pelo menos num primeiro momento, acabam por se tornar adversários, cada qual presidindo um dos partidos protagonistas.
No caso dos “vencedores” do PL, o desafio será manter nas urnas o conquistado na persuasão política da janela partidária. No caso dos “perdedores” do PP, o objetivo passará a ser, além de uma vitória no pleito majoritário, ainda que como coadjuvante, resgatar as conquistas de quatro anos atrás. O que, por sinal, ganhou ânimo adicional, com a chegada de ex-graúdos do PL, entre eles Ewerton Falk.
O time liderado por Roberta, afora ela, terá uma candidatura majoritária, provavelmente com João Ricardo Vargas na cabeça. E os dois, com o agora ex-emedebista Tubias Callil, vão formar a primeira bancada do PL no Legislativo.Já a agremiação de Pacheco terá ele próprio nalguma chapa à prefeitura e os puxadores de voto Sérgio Cechin e Luiz Carlos Fort.
Serão estes, em princípio, que liderarão uma nau que buscará reaver as cadeiras perdidas nesta janela.
Pragmatismo, ideologia e a decisão do Progressistas
Amizade à parte, por ninguém negada, o presidente do Progressistas, Pablo Pacheco, que tentou atrair o novista Giuseppe Riesgo para o partido, não obteve êxito. O que não significa falta de proximidade ideológica. Aliás, ela é maior que a existente com o MDB.
Este tem, em seus quadros, militantes que convivem com o PP, mas estão longe de concordar com o ideário. É exatamente isso que, em parte, ainda impediria a formalização de acordo que interessa a Beto Fantinel, o emedebista que concorre à prefeitura.
Riesgo quer o apoio do PP. Fantinel também. Quem vencerá a batalha? Um ou outro ou ninguém? Não se sabe, ainda. Mas são duas palavras e seu significado que, sim, serão fator decisivo para a escolha por um lado ou outro: pragmatismo e ideologia. Que não se confundem.
Se a decisão do PP de Pacheco for ideológica, vão todos embarcar na nau de Riesgo, do Novo. Se, porém, a opção for pelo pragmatismo, tenderão todos a apoiar Fantinel e o MDB ou mesmo o PSDB de Decimo. Simples não é. Mas a decisão será tomada com base numa ou noutra das palavras. E ponto.
